quinta-feira, 5 de julho de 2012

Wilson Machado: poeta negro

      Desponta dentro do cenário dramatúrgico contemporâneo um representante fidedigno da cultura negra: Wilson Machado. Jovem autor negro, que nos brinda com a amplitude e a multiplicidade de seu talento, que se ramifica através da diversidade de gêneros da dramaturgia teatral, e da literatura com contos e poesias.     


              Wilson Machado inicia sua peregrinação pelos caminhos da escrita com muita sensibilidade, talento e inteligência nos presenteando com a inegável qualidade de suas obras. 

                  Mineiro, nascido em 16 de dezembro, em Belo Horizonte, morou no Rio de Janeiro desde 1984.  Lançou seu primeiro livro O Silêncio de Cada Um, uma coletânea com 29 Contos, editado pela Razão Cultural Editora em 2000.  Vencedor do 2º  Prêmio Carlos Carvalho, do 4° Concurso Nacional de Editorial, da Secretaria Municipal da Cultura de Porto Alegre, no ano de 2004. Tem 12 textos teatrais escritos como a peça Ninguém Virá Bater à Minha Porta, dramaturgia publicada pela editora deUnida, e Paulo Benjamim de Oliveira - O Paulo da Portela  montado pela Cia. É Tudo Cena! e apresentado no "Ciclo de Leituras do "Encontro O Globo", em 2007, com a participação da atriz Zezé Motta.

              Em 2004 publicou um texto narrando sua história de vida no 4° livro do Concurso Nacional de Dramaturgia do Prêmio Carlos Carvalho em Porto Alegre.

             Faleceu no Rio de Janeiro em 28 de abril de 2007 deixando um legado de contribuição para a cultura negra.


segunda-feira, 2 de julho de 2012

Cia. É Tudo Cena! em audição para novos atores

          A Cia. É Tudo Cena! selecionou novos atores para seu casting, no teatro Ziembinski. A banca para a seleção de elenco teve a presença da atriz Léa Garcia, que já participou do espetáculo Mitologia dos Deuses Africanos  montado pela Cia. 



     Fotos por José de Andrade

"História do samba segundo Portela" - O Globo

reportagem publicada no Segundo Caderno de O Globo, em  01/02/2007
por Alessandra Duarte

          Portela ainda podia se chamar Vai Como Pode se não fosse um delegado cismar com o nome e exigir uma mudança. O causo de sambista foi um dos contados e cantados anteontem no auditório do Globo, que, em tempos de preparação de fantasias para o carnaval, homenageou um dos pioneiros organizadores das escolas de samba, com o musical "A história de Paulo Benjamin de Oliveira - o Paulo da Portela". Com um público de cerca de 300 pessoas, a apresentação fez parte do projeto Ciclo de Leituras, com apresentações de musicias abrindo os Encontros O Globo 2007, numa parceria com a Casa da Gávea.

Naná Nascimento e Leandro Nicolau, com Zezé Motta ao fundo, no espetáculo

Público canta 'Quem espera sempre alcança"
       Escrito por Wilson Machado e dirigido por Aduni Benton, o musical mostrou a vida e a carreira de Paulo da Portela, fudador da azul-e-branco. O Bota-Abaixo de Pereira Passos é um dos episódios da época do nascimento de Paulo que são apresentados pelo espetáculo, mini-aula de história sobre as primeiras décadas do século XX no Rio. "De repente, passamos a atrapalhar a beleza da cidade", diz o Paulo da Portela, jovem, que vive as histórias narradas), em referência ao fim dos cortiços da cidade na época.

       Daí, o musical pula para os 20 anos de idade do sambista, quando ele trabalha como lustrador de móveis e começa a ganhar fama com seus sambas, como "Conselho", que ele canta no espetáculo com amigos seus como Heitor dos Prazeres, ou "Quem espera sempre alcança", cantada junto pelo público. O fato de Paulo morar na Estrada do Portela foi o que fez o sambista ganhar o nome com que ficou famoso; suas maneiras e o jeito educado de falar lhe valeram o apelido de Professor. "Teste ao samba", um dos primeiros sambas-enredo, da Portela e do carnaval, no fim dos anos 30, mostrava, aliás, Paulo vestido de professor, distribuindo diploma aos outros integrantes da escola.

       O espetáculo, que termina com a morte de Paulo, mostra ainda os sambas nos vagões de trem da Central; o casamento de Paulo com Maria Elisa; a transformação da Vai Como Pode na atual Portela, na época em que as escolas precisariam se registrar para desfilar; e a saída do sambista da Portela, ao brigar com integrantes que quase o impediram de desfilar por ele não estar de azul e branco. A possível inspiração em Wald Disney em Paulo para compor o personagem Zé Carioca também está lá.
O musical partiu de uma projeto do sobrinho-neto de Paulo da Portela, o produtor musical Umberto Coelho Alves, que estava na plateia.

- É uma ideia antiga, desde 2003, quando foi centenário de Paulo. Cresci em casa ouvindo as histórias dele, do fato de ele estar sempre vestido, e do planejamento que ele trazia às coisas e à escola. Tentei resgatar um desses heróis que não são contemplados ela história. Ele podia ter sido só mais um compositor, mas queria fazer a cidade interagir com o samba, e pensava na escola de samba com uma maneira de fazer isso.
A mãe da diretora Aduni Benton, que é portelense, também assistiu à apresentação. Helena Bento, de 68 anos, foi levada à Portela pelo então marido, Reinaldo, pai de Aduni:
- Ele ajudou a construir a igreja de São José, em Madureira, junto com o Natal da Portela (personagem do musical), que eu conheci. Naquela época, a escola era num quintal, e quando chovia, não tinha samba.

"Musical conta a história de Portela" - O Globo


reportagem publicada em O Globo, 29/01/2007
de Eduardo Fradkin

          A série Encontros O Globo - Especial Ciclo de Leituras abriu sua temporada de 2007 na semana passada com uma apresentação do espetáculo "Ai, que saudades do Lago", que levou ao palco a vida de Mário Lago, regada a marchinhas. Toda terça-feira, até o dia 13 de fevereiro, um novo musical será encenado com entrada franca no auditório do jornal, na Rua Irineu Marinho 35, na Cidade Nova. A atração de amanhã será "A História de Paulo Benjamin de Oliveira - O Paulo da Portela", com Alexandre Moreno (que vive o protagonista) e Zezé Motta (que interpreta sua mãe), entre outros.
O sambista Paulo da Portela é o personagem principal do musical em cartaz no auditório do Globo, com a atriz Zezé Motta no elenco

Protagonista lutou para popularizar o samba
O herói da história nasceu há quase 106 anos, e sua importância não se resume à participação na criação da Portela. Igualmente relevante foi a sua luta para popularizar o samba e apagar o estigma de que os sambistas eram vagabundos ou marginais. Apesar de só ter tido instrução primária e ter trabalhado desde cedo para a judar a família, Paulo se expressava com eloquência, tinha bons modos e se vestia de maneira elegante. Era conhecido pelo epitéto de "professor". 
        No bairro pobre de Oswaldo Cruz, onde morava na década de 1920, ele foi um dos líderes do bloco Baianihas de Oswaldo Cruz, que costumava desfilar em direção à Praça Onze depois do bloco infantil Quem Fala de Nós Como Mosca, pegando 'de empréstimo' a licença que havia sido dada a este pela polícia. Em 1926, os dois blocos foram fundidos no Conjunto Oswaldo Cru, que depois virou Quem Nos Faz é o Capricho, depois Vai Como Pode, e, finalmente, Portela.
         Os sambas de Paulo foram gravados por grandes nomes do rádio, como Márcia Reis e Carlos Galhardo. Com Cartola, ele apresento o programa "A voz do morro", em 1941, na rádio Crazeiro do Sul. 
         No carnaval desse mesmo ano, durante o desfile na Praça Onze, Paulo se desentendeu com a direção da escola, que tentou proibir que ele e os amigos Heitor dos Prazeres e Cartola desfilassem, ao chegarem de uma viagem a São Paulo. Os três apareceram vestindo camisas listradas de preto e branco, com as quais desfilaram no estado vizinho, no Grupo Carioca. As cores da Portela são azul e branco. Depois da briga, Paulo se mudou para a pequena agremiação Lira do Amor.
- O espetáculo é a história da vida de Paulo, do nascimento à morte, e as músicas se inserem naturalmente no meio da trama. Uma das mais importante é "O meu nome já caiu no esquecimento", que ele compôs ao deixar a Portela e com que chora suas mágoas - diz o autor, Wilson Machado.

Moção de Aplausos à Cia. É Tudo Cena!





          A Cia. É Tudo Cena! recebeu da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro, por autoria das deputadas Beatriz Santos (Presidente da Comissão de Combate às Discriminações e Preconceitos da Raça, Cor, Etnia, Religião e Procedência Nacional) e Inês Pandeló (Presidente da Comissão dos Direitos da Mulher) a Moção de Aplausos, na audiência pública em que homenageou o Dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha no dia 10 de agosto de 2007.




Moção de Louvor e Reconhecimento à Cia. É Tudo Cena!


         No dia 21 de março de 1983 foi instituído o decreto n° 6627, que confirmava a resolução da ONU, e transformava o dia 21 de março como o dia Internacional pela Eliminação da Discriminação Racial, no estado do Rio de Janeiro. Vinte e três anos depois, mais precisamente em 21 de março de 2006, a Câmara Municipal do Rio de Janeiro, pelas mãos do vereador Brizola Neto, concede à Cia. É Tudo Cena! a Moção de Louvor e Reconhecimento onde foi prestada homenagem pelo "incansável apoio na luta pela eliminação da discriminação racional".


na foto, o elenco e a diretora teatral da Cia. É Tudo Cena! Aduni Benton