Leitura da peça Paulo da Portela no jornal O Globo

Autor: Wilson Machado

Direção: Aduni Benton

Participação especial: Zezé Motta

                                                   

          No ano de 2006,  se festejou os 105 anos de nascimento de Paulo Benjamim de Oliveira - O Paulo da Portela, e como compositor e dirigente, foi um dos mais importantes baluartes do mundo do samba em todos os tempos. 

Paulo Benjamim de Oliveira - O Paulo da Portela

          Homem sensível, educado, elegante e inteligente, mas combativo defensor do povo negro; a frente de sua época, brigava pela dignidade e respeito ao sambista. E em 2007, a Cia. É Tudo Cena! com muito um orgulho, pode homenagear o “Professor” e apresentar a leitura do espetáculo Paulo Benjamim de Oliveira - O Paulo da Portela, com a participação especial de Zezé Motta no elenco, e fazer este tributo ao Samba, cumprindo um  papel importantíssimo trazendo ao conhecimento dos mais jovens e ao júbilo dos mais velhos, o nome de um dos maiores defensores e propagadores da cultura negra. 

A atriz Zezé Motta também fez parte do elenco

         O texto de Wilson Machado é forte, dinâmico, sensível e possui um humor inteligente, trazendo para a cena personagens como Heitor dos Prazeres e Cartola, parceiros e amigos inseparáveis de Paulo. De narrativa fluente a peça evolui desde o nascimento de Paulo em 1901, com o polêmico prefeito Pereira Passos, até a sua saída da Escola de Samba do coração e sua conseqüente morte, em 1949. 

"O Professor", quando jovem

         Sambista nato, compositor e fundador do G.R.E.S. Portela, que em 1936 recebe o título de “Cidadão Momo”, ao ser interrogado pelo jornal A Pátria, sobre o principal fator de suas glórias e triunfos assim declarou: “Todas as minhas conquistas, eu digo sem pejo de errar, devo-as á imprensa, esse poder inconfundível que honra e dignifica a nossa nacionalidade, porque só os imbecis de levantam contra aqueles que, até com risco da própria vida não recuam quando na defesa das causas justas.” (in: Paulo da Portela - Traço de união entre duas culturas, pg. 78).  Como se vê era um diplomata.  

Naná Nascimento, Leandro Nicolau, Celso Gonçalves e Zezé Motta,  na leitura da peça apresentada no auditório do jornal O Globo, em 2007

         A importância de Paulo da Portela é descrita por alguns integrantes da Velha Guarda da Portela, em depoimentos para o livro Paulo da Portela - Traço de união entre duas culturas, de Marília Barbosa e Lygia Santos: Alberto Lonato da Silva: “Sempre achei que ele era a pessoa mais digna daquele tempo. Como sambista lutou muito para a pacificação do samba, que era do morro e a polícia sempre dando carreira na gente. Então, o falecido Paulo com outros valores, amigos dele lá de baixo, muito trabalhou para o samba entrar nos salões, como hoje em dia: tudo...”  e segundo Alvaiade “- Naquela época sambista era elemento considerado nocivo à sociedade. Todas as famílias tinham receio, inclusive a minha, tinha medo que eu me infiltrasse naquele ambiente, como se aquilo fosse algum pântano.  Mas, nem tudo que aparenta é aquilo que realmente é.  E o trabalho do Paulo foi mostrar o que realmente era, as coisas boas que havia embaixo da falsa aparência.  Paulo nunca foi político, mas eu digo uma coisa: ele era um homem tão popular, tão comunicativo, que se fosse se candidatar a qualquer coisa, certamente seria eleito.”

Paulo Benjamim de Oliveira (Paulo da Portela), Heitor dos Prazeres, Gilberto Alves, Alcebíades Barcelos (Bide) e Armando Marçal 

         Paulo da Portela é uma personalidade do samba.  A Cia. É Tudo Cena! muito se orgulha de poder honrar o nome deste homem negro, personagem da cultura carioca.

                                                                        os atores  Alex Mello e Zezé Motta em cena